segunda-feira, 20 de maio de 2013

A internet e seus perigos...



A internet e seus perigos...
Marcelo Etcheverria
Mestre em História pela UFRGS.
Não é de hoje que os meios de comunicação causam rebuliço na história da humanidade. Quando, em 1621, surgiu em Londres, o primeiro jornal particular de Língua Inglesa, com certeza ele já trouxe polêmica. E quando surgiu o telégrafo? E o telefone? E o cinema? E o rádio? E a televisão? Todos esses meios de comunicação trouxeram no seu bojo mudanças nos hábitos e comportamentos das pessoas. Houve até quem achasse que essas novas formas de comunicação eram coisa do demônio. E agora nós temos o fenômeno da internet e das redes sociais.
Não vamos falar do Orkut por que ele é coisa do passado. Ninguém mais posta coisa alguma lá. A moda agora é o Facebook. Essa incrível rede social, criada por Marck Zuckerberg, transformou o mundo. Todo o planeta literalmente participa da rede. Lá postamos fotos de passeios, festas, reuniões de família. Lá formamos grupos de estudo. Lá postamos opiniões sobre diversos assuntos: futebol, política, economia, moda, comportamento. Lá mostramos ao mundo que existimos e que temos opinião. Uma prova da importância das redes sociais foram as duas eleições do presidente Barack Obama. Seus marqueteiros foram pioneiros na utilização da internet como meio de comunicação com os eleitores. Tudo são flores? Claro que não!
O grande problema é a falta de cuidado que os internautas têm com as informações que recebem. O escritor gaúcho Luís Fernando Veríssimo já se deparou com vários textos cuja autoria não era dele. Comentou que certo dia um leitor seu o abordou num restaurante para elogiar uma coluna que ele “escreveu” sobre Rio Grande do Sul. Ele agradeceu e teve que dizer que nunca escreveu a tal coluna. O cineasta e cronista Arnaldo Jabor também já passou por isso. Circula na internet um texto em que ele faz uma verdadeira ode aos gaúchos. Ele comentou que gosta muito do povo gaúcho e que o texto estava muito bem escrito. “Eu não teria escrito tão bem!”. Ou seja, a autoria não era dele! Por que certas pessoas inserem textos falsos na internet? Para dar peso e veracidade ao comentário. Nesse momento circula no Facebook uma postagem falando sobre uma tal bolsa crack de 1350,00 reais. Tudo falso! Tudo com uma intenção...
As redes sociais também trouxeram outro problema. Agora para os pais. Queridos pais, vamos cuidar melhor de nossos amados filhos. Vamos refletir, se adultos são enganados nas redes sociais, o que dizer dos jovens? Se adultos não tem bom senso no que postam nas redes sociais, o que dizer de nossos filhos? É preciso educar! Odeio censura e não estou falando disso. Mas é dever de todo pai orientar seu filho. Do contrário, queridos pais, seus filhos podem estar sendo “educados” por alguém desconhecido e com sabe-se lá quais valores. Amados leitores, vocês já ouviram falar da Deep Web ou Internet Profunda? Protegidos pelo anonimato, usuários da Deep Web publicam e têm acesso a conteúdos de pedofilia, assassinatos cruéis, necrofilia, canibalismo, mutilação, rituais de satanismo e prostituição infantil. Pesquisem sobre o assunto no Google.
O que fazer diante disso tudo? Educar. Essa é a resposta! O mundo virtual veio para democratizar a informação. Aliás, a gente pode e deve mudar esse mundo injusto que está aí. O computador e as redes sociais são uma grande ferramenta. As passeatas virtuais formam opinião! E opinião transforma e forma cidadãos.   

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Você tem medo do quê?



Você tem medo do quê?
Marcelo Etcheverria
Mestre em História pela UFRGS.

         “O alto celestial que nos vigia, o baixo infernal que nos espia”, as palavras da filósofa Marilena Chauí nos levam a refletir sobre os nossos medos. Mas afinal, do que se tem medo? Da morte, foi sempre a resposta. E de todos os males que possam simbolizá-la, antecipá-la, recordá-la aos mortais. Da morte violenta, completaria Hobbes. De todos os entes reais e imaginários que sabemos ou cremos dotados de poder de vida e de extermínio: da natureza desacorrentada, da cólera de Deus, da manha do Diabo, da crueldade do tirano, da multidão enfurecida; dos cataclismos, da peste, da fome e do fogo, da guerra e do fim do mundo.
         Temos medo do grito e do silêncio; do vazio e do infinito; do para sempre e do nunca mais. Temos medo do esquecimento e de jamais poder deslembrar. Da insônia e de não mais despertar. Do irreparável. Do inominável e do horror à perda do próprio nome, essa “doença mortal” que, um dia, Kierkegaard chamou de desespero humano. Do labirinto de espelhos, fantasmas nossos e os alheios, sonhados sonhos de “ruínas circulares”, em noite fatídica quando “o mago se lembrou bruscamente das palavras do Deus. Lembrou-se que, de todas as criaturas do orbe, era o fogo a única a saber que seu filho era um fantasma. Teve medo que seu filho meditasse sobre esse privilégio anormal e descobrisse, de algum modo, a condição de simulacro (...). Caminhou contra as chamas. Não morderam sua carne, o acariciaram e o inundaram, sem calor, sem combustão. Com alívio, humilhação e horror compreendeu que ele também era uma aparência, que um outro o estava sonhando (Jorge Luís Borges)”.
         Temos medo do ódio que devora e da cólera que corrói, mas também da resignação sem esperança, da dor sem fim e da desonra. Da mutilação dos corpos e dos espíritos. Temos medo da loucura roubando a placidez das simples coisas mesmas, cortando o nosso corpo na dispersão de suas perdidas partes, estranhamento nosso alheio, vozes de lugar nenhum respondendo à nossa que vai a lugar algum, ecos do “coração denunciador” (Edgar Alan Poe).
         Temos medo da fala mansa do inimigo. Susto, espanto, pavor. Angústia, medo metafísico sem objeto, tudo e nada lhe servindo para consumar-se até alcançar-se ao ápice: medo do medo. Juntamente com o ódio, o medo, escreveu Espinosa, é a mais triste das paixões tristes, caminho de toda a servidão. Quem o sentiu, sabe.