domingo, 7 de março de 2021

Pesadelo.


 


Pesadelo.

Marcelo Etcheverria.

Mestre em História pela UFRGS.

            Que tempos vivemos meus senhores! Passado um ano do início da pandemia de Covid 19 no mundo, o que mais me espanta não é a permanência da doença ao nosso redor, mas a insistência de parte da população em negar a gravidade deste mal que destrói a humanidade. Digo destrói porque a Covid 19 está terminando não somente com vidas humanas, mas também com o que existe de humano em cada um de nós.

                Já passamos de mais de 270 mil mortes por covid no Brasil. E estamos falando em dados oficiais. Dados sempre suspeitos em se tratando do governo. Outras fontes falam em 350 mil almas. E o que assistimos no nosso país? Infelizmente somos espectadores de uma tragédia de péssimo gosto. As tragédias escritas pelos gregos sempre ensinavam algo. Esta escrita e protagonizada pelo governo Bolsonaro nada ensina para as gerações futuras. Porque nem um futuro ela pronuncia ou anuncia. Ou melhor, anuncia e grita o caos.

                No momento em que escrevo, lembro que hoje faz um ano do início das preocupações com a pandemia no Brasil. No Rio Grande do Sul a pandemia parecia ser algo distante, coisa de ficção científica. No dia sete de março do ano passado eu passeava pelas ruas de Pelotas com a minha família. Degustava aqueles maravilhosos doces e curtia o passeio numa cidade que exala cultura por todos os cantos. Tinha ido levar meu primogênito, com todas as suas coisas para morar na capital dos doces. Passou no vestibular para engenharia e era o momento do desapego e de construção de uma nova vida. Estávamos muito felizes! Embora eu confesse que tinha um misto de tristeza, de conflito dentro de mim. Ia ficar longe do meu garoto. E vinha aquele turbilhão de questões na minha cabeça: será que ele vai saber se virar? E a violência? Criei bem? Enfim, são questões pelas quais todos os pais passam.

            Quinze dias depois meu filho estava de volta. Universidade fechada, tudo fechou. Literalmente foi o dia em que a Terra parou! As aulas seriam online. O mundo ficou online. A Terra entrou em stand by. O planeta inteiro começou a correr na busca de uma cura, de um remédio, de uma vacina. Alemanha, China, Rússia, EUA, Índia, Cuba e muitos outros acionaram seus melhores cientistas na busca de uma solução. E o Brasil? Essa é a questão.

            Durante este trágico ano, passamos por dois Ministros da Saúde. O leitor mais atento poderá me alertar que estamos no terceiro. Não me enganei. O cargo está vago. Este que agora senta na cadeira não tem autoridade e nem competência para ocupar o cargo. É um fantoche! Chega a ser um milagre que tenha conseguido chegar a general. Você ficaria tranquilo numa guerra tendo Pazzuello como general? Diria: “vamos ganhar porque o nosso líder é muito bom na logística”.  Claro que não! Mas ele está lá justamente por isso. Bolsonaro nunca acreditou na pandemia. No mundo de Bolsonaro a pandemia é uma ficção. E por acreditar nisso, ele não age. A falta de vacina é culpa dele. E somos todos punidos por tamanha incompetência e falta de humanidade. Aliás, Bolsonaro poderia ser chamado de humano? Deixo a questão para o leitor.

            O ano passou, mas não saímos dele. Nada mudou! É um pesadelo sem fim! A economia está estagnada, paralisada. E não é pela covid 19. Mas sim pela omissão do nosso presidente em atuar para terminar com ela. Ele sente-se confortável no caos, pois foi criado nele. O caos alimenta o ódio e a raiva que são o alimento deste ser nefasto. E assim vamos indo. Ou melhor, não indo. Nosso país é sempre a notícia negativa no mundo.

            O estrago é tão grande que não sei quantas gerações vão ter que trabalhar para voltarmos ao que éramos em 2016. Lembram? Éramos protagonistas. Existiam problemas. Óbvio! Mas os brasileiros eram senhores do seu destino. Nosso país participava do jogo político internacional. Hoje nos encontramos nas mãos de um incompetente e de seus seguidores. Até quando? Até uma grande parcela dos brasileiros acordar deste pesadelo e começar a agir. A primeira ação é perceber que erraram. Até lá o pesadelo segue. Vai terminar? Infelizmente vocês sabem que tem histórias de terror e pesadelo que não terminam bem.