Mais uma vez, a educação...
Marcelo Etcheverria.
Mestre em História pela UFRGS.
Volta e meia este escrevinhador
aborda o tema da educação. Seja por ser professor, seja porque a educação
sempre é execrada aos quintos do inferno no nosso país. Quando pensava que não
iria escrever sobre o tema por um bom tempo, eis que me deparo com o assunto de
novo.
A notícia é
da Folha de São Paulo, jornal sério, embora não concorde muitas vezes com a sua
linha editorial. Diz a Folha que um dos itens do pacote do ministro Paulo
Guedes, aquele que amava o Chile e já não ama mais, quer desobrigar a União,
Estados e Municípios do dever de construir escolas e mais, pretende por uma
manobra contábil inserir nos gastos com a educação os salários dos professores
ativos e inativos. A desculpa é que é para reduzir custos e livrar os
governadores da obrigação constitucional de investir 25 % do orçamento em
educação. E vai... Vai acabar com a escola pública no Brasil. E os
proprietários de escolas privadas que não se assanhem, pois este público não
vai migrar para a escola privada. Isso por um simples motivo, o povo não tem
dinheiro.
Mas vamos
adiante. O Legislativo nacional acaba de aprovar a nova aposentadoria. Incluiu
nela os professores. Que tiveram o seu tempo de serviço aumentado. A desculpa?
A de sempre: reduzir gastos. Fico aqui pensando naquela professora do primeiro
ao quinto ano. Quem já trabalhou com estas turmas sabe como é. A professora com
seus sessenta anos, seus trinta e poucos alunos. Vai ter saúde? Vai ter paciência?
Se as professoras novas estão fugindo destas turmas. E olhem que ainda não
falei do salário. Mas vou falar...
Falando em
salários, vou pegar como exemplo o meu Estado, o Rio Grande do Sul. Pois aqui
os professores estão passando por cinco anos sem aumento salarial. Cinco anos!
Vocês entenderam bem. Nem a reposição da inflação. Para dar uma ideia, em 2014
o preço do gás de cozinha era 24,00 reais o botijão de 13 Kg. Hoje está em
90,00 reais o mesmo botijão. E o salário do professor continua o mesmo. Mas
pasmem isso não é tudo. Os professores do Estado do Rio Grande do Sul não
recebem em dia faz cinco anos. Recebemos parcelado. E o décimo terceiro? Só se
fizer empréstimo em banco. E a solução do atual governador Eduardo Leite
(PSDB)? Alterar o plano de carreira dos professores! Para melhorar salários?
Não! Para reduzir! Parece piada, mas assim o é!
O
liberalismo venceu as eleições no Brasil em 2018. Esse que vos fala se criou
ouvindo que os liberais diziam que a obrigação do Estado era investir em saúde,
educação e segurança. Os caras se elegeram (Bolsonaro e Leite) e estão acabando
com a educação pública, com o SUS e com a segurança. Aqui no Rio Grande do Sul
os professores entraram em greve. Greve por todos os motivos listados acima.
Penso que a obrigação de todo cidadão é a de apoiar estes professores. Porque
do contrário, no futuro, não existirá mais futuro. Somente o caos. O Chile já
acordou... Vamos ter que dormir para depois acordar?