segunda-feira, 9 de setembro de 2019


Tempos obscuros...
Marcelo Etcheverria
Mestre em História pela UFRGS.
            Que ano este no qual vivemos! Que tempo! Expressões não faltam para denominar o período mais obscuro da história brasileira. E olha que vivi parte da minha adolescência na época da ditadura Civil – Militar. Por que digo isso? É que quando vivíamos numa ditadura, todos sabiam disto. E os ditadores, todos generais, não tinham vergonha de confirmar. Mas e hoje? O que temos? Como vivemos?
            Normalmente, quando um presidente é eleito, o primeiro ano é de paz e de implementação do projeto do novo líder. Polêmicas vão aparecer, negociações. O normal em uma democracia. Aliás, isso é o que de melhor existe num regime democrata, o negociar. Negociar é acordar! “O melhor acordo é aquele no qual os dois saem perdendo” minha irmã advogada sempre me disse isso. Mas não é o que o novo governo deseja. Acordos parecem ser sinal de fraqueza para o novo chefe da nação. E vemos isso em todos os setores. Ele parece só desejar o conflito. E este colunista se pergunta por quais motivos? E a resposta é só uma. Mas vamos adiante.
            Gays atacados, movimentos sociais, ecologistas, universitários também, armas liberadas e um presidente subserviente aos EUA, bateu continência para a bandeira estadunidense, coisa que nem os atletas daquele país fazem em Olimpíadas. Mas afinal qual é o objetivo de tudo isso? Já antecipo, é desmontar a nação brasileira. E, para sermos justos com o atual mandatário, temos que dizer que isso não começou com ele. O início foi com Michel Temer e até antes, com a tal “Operação Lava Jato”. Não vou entrar aqui nos méritos e deméritos da “Operação Lava Jato”, mas o fato é que ela desmontou a indústria nacional. Odebrecht, OAS e outras empresas sempre foram muito competitivas no mundo corporativo internacional. Para quem não sabe, a Odebrecht financiava a indústria bélica brasileira, por exemplo. E estas empresas foram jogadas no ralo. Anos de pesquisa. E isso que não falei da Embraer. Repararam que são indústrias estratégicas?
            Quer acabar com um país, quer dividir um país, acabe com sua indústria e com sua inteligência. Como destruir a inteligência de um país? Ataque suas universidades. É inegável que nossas universidades, apesar dos problemas, tiveram um grande salto qualitativo nos últimos anos. Muitos jovens tiveram a oportunidade de estudar e trocar ideias no exterior. Jovens pradenses inclusive. Tudo financiado pelo governo federal. E tenho certeza que estes jovens aprenderam muito e trouxeram conhecimento para o nosso país. Fora isso, nossas universidades e cito a UFRGS estão entre as melhores do mundo. E numa crise econômica grave como estamos, onde buscar ajuda? Onde buscar conhecimento? Nas universidades! O que faz nosso mandatário? Vamos acabar com as universidades! Tenho um nome para essa atitude. Não vou dizer por educação, coisa que o tal mandatário não possui.
            O novo governo nos lança num abismo. Lugar de onde talvez nunca mais tenhamos a capacidade de sair. O novo governo ataca a Venezuela e está nos transformando em uma. O novo governo namora com a ditadura, embora tenha sido eleito democraticamente. O que dizer de um governo que, com apenas cinco meses de mandato, precisa de passeata para apoiá-lo? Para isso eu tenho a resposta. Ele acabou. O que virá? Depende da mobilização popular e daqueles que ainda tem um pouco de consciência neste país. Do contrário, tudo é escuridão...