Nestes
tempos modernos esta cada vez mais difícil entender os relacionamentos humanos.
O imediatismo e a superficialidade das relações parecem seguir o padrão de
consumo mundial. As pessoas estão consumindo relações como quem troca de roupa.
Uma revolução esta acontecendo? É o sinal dos tempos? Vamos pensar um pouco.
Um fato que não pode ser negado é o
de que nossa sociedade está cada vez mais hedonista. Mas o que é o hedonismo?
Vamos ao Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Lá está escrito que hedonismo
“é cada uma das doutrinas que concordam na determinação do prazer como o bem
supremo, finalidade e fundamento da vida moral, embora se afastem no momento de
explicitar o conteúdo e as características da plena fruição, assim como os
meios para obtê-la”. Mais adiante ainda diz que “é a teoria segundo a qual o
comportamento animal ou humano é motivado pelo desejo de prazer e pelo evitar o
desprazer”. E o que o mundo ao nosso redor nos mostra todos os dias? Prazer.
Cinema, televisão, internet são veículos transmissores dessa visão de mundo.
Também na literatura o fenômeno tem aparecido em obras de baixa qualidade e de
muita apelação midiática. A trilogia “Cinquenta tons de cinza” de E. L. James
deu o pontapé inicial na ideia de que uma relação pode ser construída tendo por
base o prazer. Não vou discutir a qualidade da obra. Sim, eu li! E é uma droga!
Texto pobre e óbvio em todos os sentidos. Prefiro “Lolita” de Vladimir Nabokov,
este sim um clássico. Mas lendo os livros percebe-se que tudo está assentado
sobre a beleza, os carros caros, os bons empregos, as roupas, o físico dos
personagens. Que realidade mais pobre! E podre!
Contudo, o que mais faz este que voz
fala sofrer, é perceber que a autora de “Cinquenta tons de cinza” não errou
numa coisa. Ela, sem querer, acertou, vivemos numa sociedade fétida, onde o que
vale são as aparências, sejam físicas ou na conta bancária. Onde a fofoca e a
maledicência reinam sobre a verdade. Um mundo onde a ideia de Thomas Hobbes de
que o “o homem é o lobo do homem” se faz cada vez mais concreta e explícita. As
pessoas não querem mais “fazer amor” querem é “trepar” mesmo. Os sex shop que o
digam. E nada contra eles! Frequento. A questão aqui é filosófica e de
conteúdo.
O que fazer? Não sei! Talvez o
futuro da humanidade seja este mesmo e eu seja um quarentão ultrapassado que
ainda percebe a beleza no amor. Quem sabe? O fato é que não sou tão otimista. O
mundo precisa de mais poesia e de menos maldade. O mundo precisa de tanta
coisa. Mas tanta coisa. Que já não sei se somos capazes de dar. Talvez a cor do
futuro seja Cinquenta tons de Nada!