Pesadelo.
Marcelo
Etcheverria.
Mestre
em História pela UFRGS.
Que tempos
vivemos meus senhores! Passado um ano do início da pandemia de Covid 19 no
mundo, o que mais me espanta não é a permanência da doença ao nosso redor, mas
a insistência de parte da população em negar a gravidade deste mal que destrói
a humanidade. Digo destrói porque a Covid 19 está terminando não somente com
vidas humanas, mas também com o que existe de humano em cada um de nós.
Já
passamos de mais de 270 mil mortes por covid no Brasil. E estamos falando em
dados oficiais. Dados sempre suspeitos em se tratando do governo. Outras fontes
falam em 350 mil almas. E o que assistimos no nosso país? Infelizmente somos
espectadores de uma tragédia de péssimo gosto. As tragédias escritas pelos
gregos sempre ensinavam algo. Esta escrita
e protagonizada pelo governo Bolsonaro nada ensina para as gerações
futuras. Porque nem um futuro ela pronuncia ou anuncia. Ou melhor, anuncia e grita o caos.
No momento em que escrevo, lembro que
hoje faz um ano do início das preocupações com a pandemia no Brasil. No Rio
Grande do Sul a pandemia parecia ser algo distante, coisa de ficção científica.
No dia sete de março do ano passado eu passeava pelas ruas de Pelotas com a
minha família. Degustava aqueles maravilhosos doces e curtia o passeio numa
cidade que exala cultura por todos os cantos. Tinha ido levar meu primogênito,
com todas as suas coisas para morar na capital dos doces. Passou no vestibular
para engenharia e era o momento do desapego e de construção de uma nova vida.
Estávamos muito felizes! Embora eu confesse que tinha um misto de tristeza, de
conflito dentro de mim. Ia ficar longe do meu garoto. E vinha aquele turbilhão
de questões na minha cabeça: será que ele vai saber se virar? E a violência?
Criei bem? Enfim, são questões pelas quais todos os pais passam.
Quinze dias
depois meu filho estava de volta. Universidade fechada, tudo fechou.
Literalmente foi o dia em que a Terra parou! As aulas seriam online. O mundo
ficou online. A Terra entrou em stand by. O planeta inteiro começou a correr na
busca de uma cura, de um remédio, de uma vacina. Alemanha, China, Rússia, EUA,
Índia, Cuba e muitos outros acionaram seus melhores cientistas na busca de uma
solução. E o Brasil? Essa é a questão.
Durante este
trágico ano, passamos por dois Ministros da Saúde. O leitor mais atento poderá me
alertar que estamos no terceiro. Não me enganei. O cargo está vago. Este que
agora senta na cadeira não tem autoridade e nem competência para ocupar o
cargo. É um fantoche! Chega a ser um milagre que tenha conseguido chegar a
general. Você ficaria tranquilo numa guerra tendo Pazzuello como general? Diria:
“vamos ganhar porque o nosso líder é muito bom na logística”. Claro que não! Mas ele está lá justamente por
isso. Bolsonaro nunca acreditou na pandemia. No mundo de Bolsonaro a pandemia é
uma ficção. E por acreditar nisso, ele não age. A falta de vacina é culpa dele.
E somos todos punidos por tamanha incompetência e falta de humanidade. Aliás,
Bolsonaro poderia ser chamado de humano? Deixo a questão para o leitor.
O ano passou,
mas não saímos dele. Nada mudou! É um pesadelo sem fim! A economia está
estagnada, paralisada. E não é pela covid 19. Mas sim pela omissão do nosso
presidente em atuar para terminar com ela. Ele sente-se confortável no caos,
pois foi criado nele. O caos alimenta o ódio e a raiva que são o alimento deste
ser nefasto. E assim vamos indo. Ou melhor, não indo. Nosso país é sempre a
notícia negativa no mundo.
O estrago é
tão grande que não sei quantas gerações vão ter que trabalhar para voltarmos ao
que éramos em 2016. Lembram? Éramos protagonistas. Existiam problemas. Óbvio!
Mas os brasileiros eram senhores do seu destino. Nosso país participava do jogo
político internacional. Hoje nos encontramos nas mãos de um incompetente e de
seus seguidores. Até quando? Até uma grande parcela dos brasileiros acordar
deste pesadelo e começar a agir. A primeira ação é perceber que erraram. Até lá
o pesadelo segue. Vai terminar? Infelizmente vocês sabem que tem histórias de
terror e pesadelo que não terminam bem.