O monstro que nos
corrói...
Marcelo
Etcheverria
Mestre em História
pela UFRGS.
Todos
os meus leitores sabem da minha postura política, nunca a escondi. E todos
sabem do meu apreço pelos valores democráticos e pelo livre debate de ideias.
Amo essa “coisa” criada pelos gregos chamada democracia e é em nome dela que
hoje escrevo. A democracia esta sendo atacada. Não por um vírus, mas por um
monstro que a tudo corrói.
Eleito
o monstro, num contexto turbulento e pessimamente explicado, em 2018, nada
disse. Resultado das urnas não se contesta. Mas o vencedor já começou cantando
uma mentira aos quatro cantos: “a maioria me escolheu” disse o monstro. Ledo
engano, no caso do monstro, engodo. Juntando os votos do adversário, mais os
anulados e abstenções, o monstro ficou longe de ser uma unanimidade. Mas vá lá,
venceu. Mas qual é o papel de um vencedor? Os mais apressados dirão que é
implantar o seu projeto. Os mais inteligentes, diante do contexto da eleição,
dirão que é o de unir. O que fez o monstro? Preferiu dividir... Dividir
apostando no quê? No ódio que a tudo corrói...
E
assim seguiu o monstro. Aprovou uma reforma da previdência que minou as
conquistas dos trabalhadores, fez homenagens enlouquecidas à ditadura militar,
atacou as minorias, a arte. Lançou seu olhar mesquinho e pobre sobre tudo que
de bom existe neste país. Índio virou sinal de vergonha! Negro virou sinal de
vergonha! Homossexual virou sinal de vergonha! Feminismo virou sinal de
vergonha! O que foge ao gosto do líder é vergonha! E esta visão de mundo semeou
o ódio e a discórdia entre nós. E pior, semeou a insanidade, a loucura. E veio
2020...
O
ano de 2020 começou sob a égide do coronavírus. Iniciou na China e pelo mundo
se espalhou. Nosso monstro começou negando, dizendo que era “só uma gripezinha”.
E veio a pandemia. Diante dela, o monstro debochou, retirou um bom ministro da
saúde e acusou os chineses pela crise. Mentindo, obviamente. Afinal, o
desemprego e a crise econômica já eram fato em 2019. Mas o ser perverso
continuou a semear a discórdia: desobedeceu as regras da OMS, fez comício e,
inclusive atacou a própria democracia que o elegeu. E os mortos foram se
acumulando. E, como todo ser nojento e demoníaco, diante da realidade, da
verdade, resolveu colocar a culpa nos outros (prefeitos, governadores). E o
monstro, diante das mortes profetizou: “E daí?”.
Hoje
estamos diante de uma crise que já mudou o mundo. E no Brasil temos um monstro
apegado, arraigado a um passado que é fruto de uma loucura que é só dele. O
mundo mudou, o Brasil está mudando... E o monstro? Semeando a discórdia. O
comércio nunca mais será o mesmo, a educação nunca mais será a mesma, as
fronteiras nunca mais serão as mesmas, as relações nunca mais serão as
mesmas... Nada será como antes... Ou aprendemos com isso, ou seguimos com o
monstro, com o líder... Direto para o abismo...
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