domingo, 10 de maio de 2020

O monstro que nos corrói...


O monstro que nos corrói...
Marcelo Etcheverria
Mestre em História pela UFRGS.
Todos os meus leitores sabem da minha postura política, nunca a escondi. E todos sabem do meu apreço pelos valores democráticos e pelo livre debate de ideias. Amo essa “coisa” criada pelos gregos chamada democracia e é em nome dela que hoje escrevo. A democracia esta sendo atacada. Não por um vírus, mas por um monstro que a tudo corrói.
Eleito o monstro, num contexto turbulento e pessimamente explicado, em 2018, nada disse. Resultado das urnas não se contesta. Mas o vencedor já começou cantando uma mentira aos quatro cantos: “a maioria me escolheu” disse o monstro. Ledo engano, no caso do monstro, engodo. Juntando os votos do adversário, mais os anulados e abstenções, o monstro ficou longe de ser uma unanimidade. Mas vá lá, venceu. Mas qual é o papel de um vencedor? Os mais apressados dirão que é implantar o seu projeto. Os mais inteligentes, diante do contexto da eleição, dirão que é o de unir. O que fez o monstro? Preferiu dividir... Dividir apostando no quê? No ódio que a tudo corrói...
E assim seguiu o monstro. Aprovou uma reforma da previdência que minou as conquistas dos trabalhadores, fez homenagens enlouquecidas à ditadura militar, atacou as minorias, a arte. Lançou seu olhar mesquinho e pobre sobre tudo que de bom existe neste país. Índio virou sinal de vergonha! Negro virou sinal de vergonha! Homossexual virou sinal de vergonha! Feminismo virou sinal de vergonha! O que foge ao gosto do líder é vergonha! E esta visão de mundo semeou o ódio e a discórdia entre nós. E pior, semeou a insanidade, a loucura. E veio 2020...
O ano de 2020 começou sob a égide do coronavírus. Iniciou na China e pelo mundo se espalhou. Nosso monstro começou negando, dizendo que era “só uma gripezinha”. E veio a pandemia. Diante dela, o monstro debochou, retirou um bom ministro da saúde e acusou os chineses pela crise. Mentindo, obviamente. Afinal, o desemprego e a crise econômica já eram fato em 2019. Mas o ser perverso continuou a semear a discórdia: desobedeceu as regras da OMS, fez comício e, inclusive atacou a própria democracia que o elegeu. E os mortos foram se acumulando. E, como todo ser nojento e demoníaco, diante da realidade, da verdade, resolveu colocar a culpa nos outros (prefeitos, governadores). E o monstro, diante das mortes profetizou: “E daí?”.
Hoje estamos diante de uma crise que já mudou o mundo. E no Brasil temos um monstro apegado, arraigado a um passado que é fruto de uma loucura que é só dele. O mundo mudou, o Brasil está mudando... E o monstro? Semeando a discórdia. O comércio nunca mais será o mesmo, a educação nunca mais será a mesma, as fronteiras nunca mais serão as mesmas, as relações nunca mais serão as mesmas... Nada será como antes... Ou aprendemos com isso, ou seguimos com o monstro, com o líder... Direto para o abismo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário