sábado, 26 de abril de 2025

O casamento faliu ou novas formas de relacionamento estão surgindo?


 

O casamento faliu ou novas formas de relacionamento estão surgindo?

Marcelo Etcheverria

Mestre em História pela UFRGS

         Falar sobre a instituição casamento sempre foi algo bastante complicado. Mexe com tabus, preconceitos, machismo. Enfim, o que desejo dizer é que o assunto é sempre delicado e verdades completas são sempre complicadas de se encontrar.

            Vou imaginar uma história. Caro leitor, peço que me acompanhe. Num final de domingo, nada mais chato que final de domingo, o marido está lá atirado no sofá. A esposa entra, senta ao lado dele e, entre uma fala e outra, solta o seguinte comentário: “Ontem quando estava no bar com as minhas amigas, uma pessoa demonstrou interesse por mim, não senti interesse ou desejo por ela, mas hoje de manhã, enquanto passeávamos no parque me ocorreu o seguinte pensamento: mas e se o interesse tivesse aparecido? Eu te amo e você sabe disso. Não estou falando aqui de separação, de fim de casamento, estou falando de desejo. Acontece que não quero trair e, ao mesmo tempo, não quero me sentir presa. O que te proponho é que tenhamos a liberdade de se “pintar” o desejo a gente o concretize e que falemos um para o outro. Não estou falando de amor, esse eu tenho contigo, estou falando de novas experiências, de sexo”. Fico imaginando o marido diante desta fala. O fim desta história deixo para você meu querido leitor. Imaginei para falar sobre as novas formas de amor.

            Cresce no mundo todo e no Brasil não é diferente, uma nova forma de relacionamento. Não gosto de rótulos. Mas a verdade é que eles sempre aparecem. Essa nova forma chama-se de poliamor. Poliamor é a prática ou desejo de ter mais de um relacionamento, seja sexual ou romântico, simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos. Chocante? Não acho! Questionável para mim é a traição. Na história que contei acima, muitos teriam “ficado” e depois mergulhado na mentira da traição. Essa é a verdade.

            O fato é que as mudanças sempre causam impacto. Em geral, a outra pessoa se desespera com essa possibilidade, se sente desrespeitada, não amada. No começo, mudanças sempre trazem conflito. Afinal, o novo, o desconhecido sempre vem acompanhado do choque, do preconceito. Vamos falar francamente. Vai ter gente que vai ler este texto e dizer que estou falando de “putaria”. Quando na verdade estou tentando falar de respeito. Como em toda mudança, enxergamos comportamentos opostos – alguns muito libertários e outros ainda conservadores.

            O casamento acabou? Óbvio que não! Ele está se ressignificando. Buscando novos sentidos justamente para sobreviver. Porque nós humanos precisamos uns dos outros. Amor, afeto, companheirismo fazem parte da natureza humana e nunca vão terminar. Finalizo com Vinícius de Moraes: “a coisa mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais...”.

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