O casamento faliu ou
novas formas de relacionamento estão surgindo?
Marcelo
Etcheverria
Mestre
em História pela UFRGS
Falar sobre a instituição casamento
sempre foi algo bastante complicado. Mexe com tabus, preconceitos, machismo.
Enfim, o que desejo dizer é que o assunto é sempre delicado e verdades
completas são sempre complicadas de se encontrar.
Vou imaginar uma história. Caro leitor, peço que me
acompanhe. Num final de domingo, nada mais chato que final de domingo, o marido
está lá atirado no sofá. A esposa entra, senta ao lado dele e, entre uma fala e
outra, solta o seguinte comentário: “Ontem quando estava no bar com as minhas
amigas, uma pessoa demonstrou interesse por mim, não senti interesse ou desejo
por ela, mas hoje de manhã, enquanto passeávamos no parque me ocorreu o
seguinte pensamento: mas e se o interesse tivesse aparecido? Eu te amo e você
sabe disso. Não estou falando aqui de separação, de fim de casamento, estou
falando de desejo. Acontece que não quero trair e, ao mesmo tempo, não quero me
sentir presa. O que te proponho é que tenhamos a liberdade de se “pintar” o
desejo a gente o concretize e que falemos um para o outro. Não estou falando de
amor, esse eu tenho contigo, estou falando de novas experiências, de sexo”.
Fico imaginando o marido diante desta fala. O fim desta história deixo para
você meu querido leitor. Imaginei para falar sobre as novas formas de amor.
Cresce no mundo todo e no Brasil não é diferente, uma
nova forma de relacionamento. Não gosto de rótulos. Mas a verdade é que eles
sempre aparecem. Essa nova forma chama-se de poliamor. Poliamor é a prática ou
desejo de ter mais de um relacionamento, seja sexual ou romântico,
simultaneamente com o conhecimento e consentimento de todos os envolvidos. Chocante?
Não acho! Questionável para mim é a traição. Na história que contei acima,
muitos teriam “ficado” e depois mergulhado na mentira da traição. Essa é a
verdade.
O fato é que as mudanças sempre causam impacto. Em geral,
a outra pessoa se desespera com essa possibilidade, se sente desrespeitada, não
amada. No começo, mudanças sempre trazem conflito. Afinal, o novo, o
desconhecido sempre vem acompanhado do choque, do preconceito. Vamos falar
francamente. Vai ter gente que vai ler este texto e dizer que estou falando de
“putaria”. Quando na verdade estou tentando falar de respeito. Como em toda
mudança, enxergamos comportamentos opostos – alguns muito libertários e outros
ainda conservadores.
O casamento acabou? Óbvio que não! Ele está se
ressignificando. Buscando novos sentidos justamente para sobreviver. Porque nós
humanos precisamos uns dos outros. Amor, afeto, companheirismo fazem parte da
natureza humana e nunca vão terminar. Finalizo com Vinícius de Moraes: “a coisa
mais divina que há no mundo é viver cada segundo como nunca mais...”.
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